Guardas municipais femininas celebram “Outubro Rosa” em treino de tiro
A Guarda Municipal de Jundiaí (GMJ) celebrou o Outubro Rosa nesta sexta (23) de forma carinhosa e, ao mesmo tempo, sem deixar de lado a capacitação para o trabalho no dia a dia: com um treino de tiro exclusivo para as guardas municipais femininas. O evento foi uma iniciativa dos guardas municipais Monique Effori, Valéria Lorenti e Orlando Pupo, todos integrantes do CIF – Centro de Instrução e Formação de Guardas Municipais. Realizado pela manhã e à tarde, o encontro também teve aula teórica, apresentação de armas e munições, café da manhã e almoço – estes dois últimos com decoração cor de rosa – e reuniu cerca de 20 mulheres integrantes da corporação.
A capacitação para uso de armas letais ocorre todos os anos, para todos os guardas municipais, com duração de 80 horas, mas em turmas mistas. Este ano, porém, em comemoração ao Outubro Rosa, o dia de treinamento foi só das meninas. O GM Pupo, um dos instrutores, ressaltou a importância da capacitação. “Esperamos em Deus que nunca precisemos usar; mas, se precisar, temos que usar o equipamento de maneira correta. São apenas alguns segundos para reagir em uma ocorrência”, exemplificou.
A GMJ conta hoje com um efetivo total de 350 guardas, sendo 39 mulheres. Elas passaram a ser admitidas na corporação, até então exclusivamente masculina, em 19 de agosto de 1991.
Segundo o subinspetor Souza, o evento – que também foi prestigiado pelos homens – valoriza a presença feminina na GMJ, hoje indispensável, não só em ações específicas, como a revista em mulheres durante abordagens, mas também em momentos delicados. “Em casos de violência doméstica, por exemplo, principalmente quando há a presença de crianças, muitas vezes as vítimas se sentem mais à vontade falando com uma mulher”, explica ele. “A presença feminina na corporação é muito importante, e já contamos hoje com três subinspetoras. No futuro, quem sabe teremos uma comandante”.
Uma das organizadoras do evento desta sexta, Valéria Lorenti se define como uma desbravadora. Ela é da primeira turma de guardas femininas, tendo se integrado à corporação aos 20 anos de idade. “Na época, ser policial feminina não era algo bem visto na sociedade”, lembra ela. “E até hoje, nas abordagens, percebo que as mulheres são menos respeitadas que os homens.
A discriminação ainda é um tema que precisa ser abordado, mesmo em pleno século 21”. Hoje, aos 50 anos, ela é mãe de três filhos e orgulhosa avó de quatro netos, tendo se desdobrado após perder o marido para um enfarte, aos 35 anos. Apesar dos desafios enfrentados em seus 29 anos de trabalho na GMJ, ela não titubeia em dizer que a Guarda é sua vida. “Amo o que faço”, diz.